Raízes expostas: como prevenir e quais os tratamentos?

Fernanda V. Ribeiro

CRO 83614 Especialista, Mestre e Doutora em Periodontia pela UNICAMP


Raízes expostas: como prevenir e quais os tratamentos?

As recessões (também chamadas retrações) gengivais são caracterizadas pela exposição da superfície das raízes dos dentes, havendo um deslocamento da margem da gengiva em direção à ponta da raiz do dente, como se ela estivesse “fugindo” e dando a impressão de dentais mais alongados. As retrações gengivais podem afetar um único ou múltiplos dentes e são altamente prevalentes na população.

 

Nem sempre as retrações gengivais acontecem isoladamente. Muitas vezes, ocorre também um desgaste em profundidade da estrutura dental que está exposta! Entenda:

As retrações gengivais podem ser pequenas em sua extensão ou apresentar-se mais amplas e longas, a depender da gravidade do defeito, da espessura do tecido gengival e da anatomia dental.

Além disso, muitas vezes, as retrações são também acometidas pela presença de lesões cervicais não cariosas. Isto é, além da margem da gengiva se deslocar expondo a raiz dental, observamos também cavidades ou desgastes que se criam na região, ocasionando uma cavitação da superfície dental em profundidade. Isso ocorre em consequência de processos de erosão dental (desgaste mecânico devido a escovação traumática, por exemplo),abrasão dental (desgaste químico decorrente do consumo de alimentos ácidos na rotina ou derivado de refluxo gastroesofágico, por exemplo) e pela abfração (quando a oclusão ou mordida estão desequilibradas).

No entanto, independentemente do tamanho, e mesmo retrações gengivais de menor extensão, podem ocasionar diversos problemas. Os principais problemas decorrentes das retrações gengivais são:

  • Sensibilidade dentinária: A sensibilidade pode ser percebida, principalmente, durante a ingestão de alimentos e bebidas frias/geladas. Mas pode também ser um desconforto notável simplesmente com o ar, quando o paciente abre a boca, em casos mais extremos.
  • Prejuízo estético: As retrações gengivais podem prejudicar bastante a estética, especialmente quando está presente em dentes da frente, que aparecem ao sorrir.
  • Perda de tecidos de sustentação dos dentes: Com o passar do tempo, a progressão das retrações gengivais pode dificultar a higienização adequada, sendo um fator para maior acúmulo de placa na região. Esse fato, somado muitas vezes a um histórico prévio de inflamações gengivais, pode contribuir para a o avanço de perda óssea e para que a gengiva retraia cada vez mais, podendo prejudicar a sustentação dos dentes.

 

Entenda melhor as principais causas:

As retrações gengivais têm causas multifatoriais, isto é, muitos fatores podem ser responsáveis pela presença delas e, em alguns casos, mais de um fator pode, concomitantemente, ocasionar o desenvolvimento de raízes expostas. Confira as principais causas:

  • Falta de higiene bucal: A higiene bucal inadequada pode gerar acúmulo de placa bacteriana e de tártaro, os quais podem propiciar a migração da margem gengival, levando à exposição das raízes dos dentes.
  • Inflamações gengivais: As doenças periodontais (gengivite e periodontite) são um dos fatores mais relevantes que geram retração gengival.
  • Escovação traumática: O fator mecânico, representado pela a escovação praticada de forma traumática, com força excessiva, técnica inadequada, e com escovas de cerdas que não sejam macias (cerdas médias e duras),é uma das causas mais recorrentes.
  • Características anatômicas locais: Algumas condições locais dos dentes podem atuar como fatores predisponentes para o surgimento da recessão gengival. A presença de dentes vestibularizados (posicionados mais para frente na arcada dental) e de dentes mal posicionados e desalinhados em geral pode ser uma causa importante para as retrações gengivais. Além disso, a inserção alta de bridas e freios podem estimular o deslocamento da margem gengival, bem como o biótipo periodontal delgado (quando, constitucionalmente, o paciente já apresenta uma gengiva com característica muito fina, favorecendo o desenvolvimento de retrações).

 

Preciso me preocupar com raízes expostas?

A tomada de decisão com relação ao tratamento para as recessões gengivais deve considerar tanto os fatores que influenciam o prognóstico do recobrimento radicular como os benefícios promovidos por cada abordagem terapêutica, especialmente aqueles associados ao bem-estar e satisfação dos pacientes, sempre com base em evidências científicas.

É sempre importante que um Periodontista, especialista no diagnóstico e tratamento das retrações gengivais, avalie cada caso individualmente e defina a necessidade de tratamento, bem como indique qual a melhor opção terapêutica para cada caso.

 

E quais são os possíveis tratamentos para resolver as raízes expostas?

O tratamento das recessões gengivais deve sempre visar o completo recobrimento das raízes expostas, acompanhado de adequada coloração, textura e espessura dos tecidos moles, devolvendo as características de normalidade da região e permitindo a perfeita integração com os tecidos adjacentes.

  • Tratamento Não-Cirúrgico: Quando as retrações gengivais são pequenas e o tecido gengival adjacente apresenta espessura adequada, uma possibilidade de tratamento é a realização de uma proteção da região com técnicas restauradoras, de maneira a preencher a cavidade com resina composta estética e melhorar a anatomia local. Nesse caso, o material restaurador e a técnica restauradora devem ser apropriados e bem executados, mantendo contato saudável com o tecido gengival, sem ocasionar inflamação.
  • Microcirurgias para Recobrimento Radicular: As cirurgias plásticas mucogengivais para tratar raízes expostas, atualmente, são realizadas com abordagens minimamente invasivas, priorizando o conforto e bem-estar dos pacientes, bem como recuperações rápidas e tranquilas. As técnicas cirúrgicas mais utilizadas nestes casos são: retalhos pediculados (posicionado coronariamente e lateralmente),retalhos bipediculados (retalho semilunar),enxertos de mucosa mastigatória ou de tecido conjuntivo subepitelial, uso de biomateriais como enxertos alógenos e proteínas derivadas de matriz de esmalte, ou ainda pela combinação dessas técnicas.

Como a retração gengival pode aparecer de forma lenta e nem sempre causar dor, é importante consultar um dentista de forma regular e adotar hábitos de higiene bucal adequados, com técnica de escovação correta e escovas de cerdas macias, para prevenção das retrações e para que, quando já presentes, elas não progridam. Utilizando tratamentos inovadores e minimamente invasivos, atualmente é possível tratar as retrações gengivais de maneira previsível e rápida. Não deixe de ter essa atenção especial com suas retrações gengivais, com sua saúde bucal, com seu conforto e bem-estar!

 

 


Fernanda V. Ribeiro

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